Trocas gasosas e atividade antioxidante de portaenxertos de Prunus spp. submetidos ao estresse seca e alagamento

Aline A. Messchmidt, Valmor João Bianchi, Ilisandra Zanandrea, Emanuela Garbin Martinazzo, Elizete Beatriz Radmann, Marcos Antonio Bacarin

Resumen


O objetivo deste trabalho foi avaliar as trocas gasosas e atividade antioxidante de portaenxertos do gênero Prunus submetidos ao estresse por seca e alagamento. Plantas de pessegueiro cv. Flordaguard e Capdeboscq e de ameixeira cv. Mirabolano 29-C, com um ano de idade, foram submetidas a três condições hídricas: tratamento controle (com irrigação diária), alagamento do sistema radicular e seca (ausência de irrigação) por quatro e oito dias, e em seguida, colocadas sob condições de recuperação do estresse, por três dias. Foi avaliada a taxa fotossintética líquida (A), condutância estomática (gs), atividade de enzimas do sistema antioxidante (SOD, CAT e APX), conteúdo de peróxido de hidrogênio e peroxidação lipídica. Durante o período de estresse, houve
redução de A e gs nas três cultivares estudadas, em relação às plantas controle, porém, no terceiro dia de recuperação esses parâmetros voltaram a ficar com valores próximos ao controle para a cv. Flordaguard sob estresse por seca e para a cv. Mirabolano 29-C sob alagamento. A atividade das enzimas antioxidantes, o conteúdo de peróxido de hidrogênio e a peroxidação lipídica não variou de maneira expressiva nas duas cvs de pessegueiro sob déficit hídrico. Porém, sob alagamento, houve aumento da atividade da CAT e APX e da peroxidação lipídica. A cv. Mirabolano 29-C, em ambos estresses, ativou o sistema antioxidante, seguido de uma alta produção de H2O2 e uma maior peroxidação lipídica, sugerindo que esta cultivar possui um mecanismo de defesa antioxidante que se expressa mais intensa e rapidamente em ambas condições de estresse. Com estes resultados concluiu-se que Mirabolano 29-C apresenta maior tolerância ao alagamento, porém é mais sensível ao déficit hídrico, em relação as cvs. de pessegueiro avaliadas.

Palabras clave


portaenxerto, déficit hídrico, alagamento, trocas gasosas, enzimas antioxidantes

Texto completo:

PDF

Referencias


Almeida, A.C. & J.V. Soares. 2003. Comparação entre uso de água em plantações de Eucalyptus grandis e floresta ombrófila densa (Mata Atlântica) na costa leste do Brasil. Revista Árvore 27, pp. 159-170.

Alonso, A., C.S. Queiroz & A.C. Magalhães. 1997. Chilling stress leads to increased cell membrane rigidity in roots of coffee (Coffea arabica L.) seedlings. Biochimica et Biophysica Acta: BBA. Biomenbranes 1323 (1), pp. 75-84.

Alves, J.D., I. Zanandrea, S. Deuner, P.F.P. Goulart, K.R.D. Souza & M.S. Santos. 2013. Antioxidative responses and morpho-anatomical adaptations to waterlogging in Sesbania virgata. Trees 27, pp. 717- 728.

Amador, M.L., S. Sancho, B. Bielsa, J. Gomes- Aparisi & M.J. Rubio-Cubetas. 2012. Physiological and biochemical parameters controlling waterlogging stress tolerance in Prunus before and after drainage. Physiologia Plantarum, 144, pp. 357–368.

Amako, K., G. Chen & K. Asada. 1994. Separate assay specific for ascorbate peroxidase and guaiacol peroxidase and for the chloroplastic and cytosolic isozymes of ascorbate peroxidase in plants. Plant and Cell Physiology, 35, pp. 497-504.

Apel, K. & H. Hirt. 2004. Reactive oxygen species: metabolism, oxidative stress, and signal transduction. Annual Review of Plant Biology, Oxford, 55, pp. 373–399.

Arbona, V., Z. Hossain, M.F.L. Climent & A.G. Cadenas. 2009. Antioxidant enzymatic activity is linked to waterlogging stress tolerance in citrus. Physiologia Plantarum 132, pp. 452- 466.

Asada, K. 1999. The water–water cycle in chloroplasts: scavenging of active oxygens and dissipation of excess photons. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology 50, pp. 601-639.

Atkinson, C.J., R.S. Harrison-Murray & J.M. Taylor. 2008. Rapid flood-induced stomatal closure accompanies xylem sap transportation of root-derived acetaldehyde and ethanol in Forsythia. Environmental and Experimental Botany 64 (3), pp. 196-205.

Bailey-Serres, J. & L.A.C.J. Voesenek. 2008. Flooding stress: acclimations and genetic diversity. Annual Review of Plant Biology 59, pp. 313–339.

Biemelt, S., U. Keetman & G. Albrecht. 1998. Reaeration following hypoxia or anoxia leads to activation of the antioxidative defense system in roots of wheat seedlings. Plant Physiology 116 (2), pp. 651-658.

Blokhina, O., E. Virolainen & K.V. Fagerstedt. 2003. Antioxidants, oxidative damage and oxygen deprivation stress: a review. Annals of Botany, 91, pp. 179-194.

Boamfa, E.I., A.H. Eres, P.C. Ram, M.B. Jackson, J. Reuss & J.M. Harren. 2005. Kinetics of ethanol and acetaldehyde release suggest a role for acetaldehyde production in tolerance of rice seedlings to microaerobic conditions. Annals of Botany 96 (4), pp. 727-736.

Bradford, M.M. 1976. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein biding. Analytical Biochemistry 72 (1/2), pp. 248-254.

Brunini, O. & M. Cardoso. 1998. Efeito do déficit hídrico no solo sobre o comportamento estomático e potencial da água em mudas de seringueira. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 33 (7), pp.1053-1060.

Buege, J.A. & S.D. Aust. 1978. Microsomal lipid peroxidation. Methods in Enzimology 52, pp. 302-310. Chaves, M.M. 2009. Photosynthesis under drought and salt stress: regulation mechanisms from whole plant to

cell. Annals of Botany 103, pp. 551-560.

Cunha, N.G. & R.J.C. Silveira. 1996. Estudo dos solos do município de Pelotas/ - Pelotas : EMBRAPA/CPACT, Ed. UFPel, 1996. 50 p. : il.(Documentos CPACT;12/96).

Delias, D.S. 2013. Características biométricas, trocas gasosas e atividade do sistema antioxidante de plantas de Eucalipto durante o crescimento inicial. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, 73 pp.

Deuner, S., J.D. Alves, I. Zanandrea, A.A. Lima, P.F.P. Goulart, N.M. Silveira, P.C. Henrique & A.C. Mesquita. 2011. Stomatal behavior and components of the antioxidative system in coffe plants under water stress. Scientia Agricola 55 (1), pp.77-85.

Dichio, B., C. Xiloyannis, G. Celano, & L. Vicinanza. 2004. Performance of new selections of Prunus rootstocks, resistant to root knot nematodes, in waterlogging conditions. Acta Horticulturae, 658, pp. 403-406.

Diniz, A.C.B., L.V. Astarita & E.R. Santarém. 2007. Alteração dos metabólitos secundários em plantas de Hypericum perforatum L. (Hypericaceae) submetidas à secagem e ao congelamento Acta Botanica Brasilica, 21(2): 443-450.

Drew, M.C. 1997.Oxigen deficiency and root metabolism: injury and acclimatation under hypoxia and anoxia. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology 48, p. 223-250.

Ennahli, S. & H.J. Earl. 2005. Physiological Limitations to Photosynthetic Carbon Assimilation in Cotton under Water Stress. Crop Science 45, pp. 2374-2382.

Fachinello, J.C., C.S. Tibola, M. Vicenzi, E. Parisotto, L. Picolotto, J. Flexas & H. Medrano. 2002. Drought‑inhibition of photosynthesis in C3 plants: stomatal and non‑stomatal limitations revisited. Annals of Botany 89, pp.183-189.

Flexas, J. & H. Medrano. 2002. Drought inhibition of photosynthesis in C3 plants: stomatal and non stomatal limitations revisited. Annals of Botany, 89, pp.183-189.

Giannopolitis, C.N. & S.K. Ries. 1977. Superoxide dismutases: I. Occurrence in higher plants. Plant Physiology 59 (2), pp. 309-314.

Gill, S.S. & N. Tuteja 2010. Reactive oxygen species and antioxidant machinery in abiotic stress tolerance in crop plants. Plant Physiology and Biochemistry, 48, pp. 909-930.

Havir, E.A. & N.A. Mchale. 1987. Biochemical and developmental characterization of multiple forms of catalase in tobacco leaves. Plant Physiology 84 (2), pp. 450-455.

Hinckley, T.M., H. Richter & P.J. Shulte. 1991. Water relations. In: Physiology of Trees. A.S. Raghacendra, Wiley: New York. pp. 137-162.

Hossain, Z., M. L´Opez-Climent, V. Arbona, R. P´Erez-Clement & A. G´Omez-Cadenas. 2009. Modulation of the antioxidant system in citrus under waterlogging and subsequent drainage. Journal of Plant Physiology 166, pp. 1391–1404.

Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística (IBGE). 2013. Disponível em www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rs&tema=lavourapermanente2009. Último acesso: 10 de dezembro de 2013.

Laloi, C., M. Stachowik, E. Pers-Kamczyc, E. Warzych, I. Murgia & K. Apel. 2007. Cross-talk between singlet oxygen- and hydrogen peroxidedependent signaling of stress responses in Arabidopsis thaliana. Proceeding of the National Academy of Science. U.S.A. 104, pp. 672–677.

Liao, C.T. & C.H. Lin. 1995. Effect of flood stress on morphology and anaerobic metabolism of Momordia charantia. Environmental and Experimental Botany 35 (1), pp. 105-113.

Maia, J.M., S.L.F. Sergio Luiz Ferreira-Silva, E.L. Voigt, C.E.C. Macedo, L.F.A. Ponte & J.A.G. Silveira. 2012. Atividade de enzimas antioxidantes e inibição do crescimento radicular de feijão caupi sob diferentes níveis de salinidade. Acta Botanica Brasilica 26(2): 342-349.

Marenco, R.A. & N.F. Lopes. 2007. Fisiologia vegetal: fotossíntese, respiração, relações hídricas e nutrição mineral. 2 ed. Editora UFV, Viçosa, MG. 469 pp.

Martinazzo, E.G., A.T. Perboni, P.V. Oliveira, V.J. Bianchi & M.A. Bacarin. 2013. Atividade fotossintética em plantas de ameixeira submetidas ao déficit hídrico e ao alagamento. Ciência Rural 43 (1), pp. 35-41.

Masia, A., B. Marangoni & S. Sansavini. 1999. Il deperimento dei peschi da asfissia radicale: basi fisiologiche Ed efetti metabolici. Frutticoltura 9, pp. 71-75.

Mittler, R. 2002. Oxidative stress, antioxidants and stress tolerance. Trends in Plant Science 7 (9), pp. 405-410.

Nakano, Y. & K. Asada. 1981. Hydrogen peroxide is scavenged by ascorbato-specific peroxidase in spinach chloroplasts. Plant and Cell Physiology 22 (5), pp. 867-880.

Neill, S., R. Desikan & J. Hancock. 2002. Hydrogen peroxide signaling. Current Opinion in Plant Biology 5, pp. 388-395.

Pistelli, L., C. Lacona, D. Miano, M. Cirilli, M.C. Colao, A. Mensuali-Sodi & R. Muleo. 2012. Novel Prunus rootstock somaclonal variants with divergent ability to tolerate waterlogging. Tree Physiology, 32, pp. 355-368.

Polle, A. 2004. Dissecting the superoxide dismutaseascorbate peroxidase- glutathione pathway in

chloroplasts by metabolic modeling. Computer simulations as a step towards flux analysis. Plant Physiology, 126, pp. 445-462.

Rodrigues, H.J.B., R.F. Costa, J.B.M. Ribeiro, J.D.C. S. Filho, M.L.P. Ruivo & J.A. Júnior. 2011. Variabilidade sazonal da condutância estomática em um ecossistema de manguezal amazônico e suas relações com variáveis meteorológicas. Revista Brasileira de Meteorologia 26 (2), pp. 189 - 196. Shmitz, J.D., V.J. Bianchi, M.S. Pasa, A.L.K. Souza & J.C. Fachinello. 2012. Vigor e produtividade do pessegueiro ‘Chimarrita’ sobre diferentes portaenxertos. Revista Brasileira de Agrociência 18 (1-4), pp.1-10.

Singh, A.K., M. Bhattacharyya-Pakrasi & H.B. Pakrasi. 2008. Identification of an atypical membrane protein involved in the formation of protein disulfide bonds in oxygenic photosynthetic organisms. The Journal of Biological Chemistry, 283, pp.15762-15770.

Smirnoff, N. 2000. Ascorbic acid: metabolism and functions of a multi-facetted molecule. Current Opinion in Plant Biology 3: 229-235.

Sofo, A., A.C. Tuzio, B. Dichio & C. Xiloyannis. 2005. Influence of water deficit and rewatering on the components of the ascorbate–glutathione cycle in four

interspecific Prunus hybrids. Plant Science 169, pp. 403–412.

Velikova, V., I. Yordanov & A. Edreva. 2000. Oxidative stress and some antioxidant systems in acid rain-treated bean plants: protective role of exogenous polyamines. Plant Science 151 (1), pp. 59-66.

Voesenek, L.A.C.J., T.D. Colmer, R. Pierik, F.F. Millenaar & A.J.M. Peeters. 2006. How plants cope with complete submergence. New Phytologist 170 (2), pp. 213-226.

Vranová, E., D. Inzé & F.V. Breusegem. 2002. Signal transduction during oxidative stress. Journal of Experimental Botany 53 (372), pp. 1227-1236.

Xiloyannis, C., B. Dichio, A.C. Tuzio, M. Kleinhentz, G. Salesses, J.G. Aparisi, M.J.R. Cabetas & D. Esmenjaud. 2007. Characterization and Selection of Prunus Rootstocks Resistant to Abiotic Stresses: Waterlogging, Drought and Iron Chlorosis. Acta Horticulturae 732, pp. 247-251.

Zanandrea, I., J.D. Alves, S. Deuner, P.F.P. Goulart, P.C. Henrique & N.M. Silveira. 2010. Tolerance of Sesbania virgata plants to flooding. Australian Journal of Botany, 57, pp. 661-669.

Zhang, F. & M.B. Kirkham. 1996. Antioxidant responses to drought in sunflower and sorghum seedlings. New Phytologist, 132, pp. 361–373.


Enlaces refback

  • No hay ningún enlace refback.


Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.