Avaliação de Pteridium aquilinum (Dennstaedtiaceae) e Urtica dioica (Urticaceae) como alternativas ao equilíbrio populacional de afídeos em cultivos orgânicos no Sul do Brasil

Patricia Braga Lovatto, Carlos Rogério Mauch, Eduardo Alexis Lobo, Gustavo Schiedeck

Resumen


A samambaia Pteridium aquilinum L. Kunh (Dennstaedtiaceae) é uma espécie cosmopolita, espontânea, considerada indicadora de solos ácidos, alelopática e utilizada para o manejo de insetos, ácaros e nematóides quando incorporada em extratos e biofertilizantes. A espécie Urtica dioica L. (Urticaceae) ocorre como espontânea no Brasil, sendo utilizada como medicinal, indicadora de solos férteis, hospedeira de inimigos naturais, e aplicada sobre os cultivos na forma de extratos fitoprotetores ou preparados biodinâmicos. Nesse sentido, ressalta-se que a grande maioria das indicações de uso para as duas espécies botânicas citadas referem-se ao conhecimento empírico acumulado, sendo escassos os trabalhos de investigação científica envolvendo a sua bioatividade sobre os agroecossistemas. Nesse sentido, o trabalho buscou avaliar a ação dos extratos aquosos de P. aquilinum (10% p/v)e U. dioica (5% p/v) sobre a repelência, mortalidade, sobrevivência, produção de ninfas e taxa instantânea de crescimento populacional do afídeo Brevicoryne brassicae (Hemiptera: Aphididae) em couve. Simultaneamente ao extrato bruto das plantas, foram avaliadas as diluições 30 e 10%, além da testemunha água destilada e do produto teste AGV Xispa-praga. Os extratos de P. aquilinum resultaram em ação repelente e inseticida, redução da prole e sobrevivência, bem como ri negativa, sugerindo o declínio populacional dos afídeos expostos aos tratamentos. Já os extratos elaborados a partir de U. dioica apresentaram ação repelente, diminuição da prole e da sobrevivência de ninfas. Na análise conjunta dos resultados, as duas espécies avaliadas revelaram-se como estratégias botânicas promissoras para o manejo de afídeos em cultivos orgânicos de brássicas, legitimando as informações advindas do saber popular.


Palabras clave


urtiga, samambaia, afídeos, brássicas, saber popular

Texto completo:

PDF (Português (Brasil))

Referencias


Abbott, W. S. 1925. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology 18: 265-266.

Alhomedi, A. et al. 2006. Inter-and intra-guild interactions related to aphids in nettle (Urticadioica L.) strips closed field crops. Commun Appl Biol Sci Agric 71: 413-23.

Alonso, J. R. 1998.Tratado de Fitomedicina. Editora Isis.

Anjos, B. L. et al. 2009. Intoxicação experimental aguda por samambaia (Pteridium aquilinum) em bovinos. Pesq. Vet. Bras. 29:753-766.

Baverstock, J. et al. 2011. Potential value of the fibre nettle Urtica dioica as a resource for the nettle aphid Microlophium carnosum and its insect and fungal enemies. Biocontrol 56: 215-223.

Burg, I. C. & Mayer, P. H. (Org.). 1999.Manual de alternativas ecológicas para prevenção e controle de pragas e doenças:(caldas, biofertilizantes, fitoterapia animal, formicidas e defensivos naturais). 7. ed. Francisco Beltrão: ASSESOAR/COOPERIGUAÇU.

Cabral, C. C. & Bareiro, C. 2011.Efeito de extratos aquosos de cinamomo, urtiga e mamona sobre Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae). 12º SICONBIOL, Simpósio de Controle Biológico - 18 a 21 de julho de 2011 “Mudanças climáticas e sustentabilidade: quebra de paradigmas” pp. 100-120.

Claro, S. A. 2001. Referenciais tecnológicos para a agricultura familiar ecológica, Porto alegre, EMATER-RS.

Costa, A. M. D. 2009. Plantas tóxicas de interesse pecuário nas microrregiões de Araguaína e Bico do Papagaio, Norte do Tocantins. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Tocantins - Araguaína/TO.

Cruz, G. D. & Bracarense, A. P. 2004. Toxicidade da samambaia (Pteridium aquilinum (L.) Kuhn) para a saúde animal e humana. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, 25: 249-258.

Curado, F. F. et al. 2007 Experimentação Participativa na Produção de Erva-doce (Foeniculum vulgare Mill.) em Bases Ecológicas no Agreste Sergipano. EMBRAPA Documentos 110, Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Dolling, A., Zackrisson, O. & Nilsson, M. 1994.Seasonal variation in phytotoxicity of bracken (Pteridium aquilinum L. Kuhn).Journal of Chemical Ecology, 20: 12-16.

Gerhardt, A. Putzke, M. T. L. Lovatto, P. B. 2012.Atividade de extratos botânicos de três espécies silvestres do Rio Grande do Sul, Brasil, sobre Myzus persicae (Hemiptera: Aphididae) e Ascia monuste orseis (Lepidoptera: Pieridae). Caderno de Pesquisa, Série Biologia, 24: 55-64.

Gliessmann, S. & Muller, C. H. 1978.The allelopathic mechanisms of dominance in bracken (Pteridium aquilinum L. Kuhn) in southern California. Journal of Chemical Ecology4: 337-362.

Hertwig, I. F. V. 1986.Plantas aromáticas e medicinais. São Paulo, Icone, 1986.

Lorenzi, H. & Matos, F. J. de A. 2008.Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituito Plantarum, 2 ed.

Lovatto, P. B. 2012. As Plantas Bioativas como Estratégia Tecnológica à Transição Agroecológica na Agricultura Familiar. Tese. Universidade Federal de Pelotas. Brasil. 392 pp.

Marçal, W. S. 2003. A intoxicação por samambaia em bovinos criados no Estado do Paraná. Semina: Ciências Agrárias. 24: 197-208.

Neves, W. S. et al. 2010.Efeito de extratos botânicos sobre a eclosão e inativação de juvenis de Meloidogyne javanica e de M. incógnita. Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas, 4: 8-15.

Ortega, R. Dayaleth, A. & Raúl, A. 2009. Los Purines à Base de Ortiga (Urtica dioica) una Alternativa Natural en el Control de Insectos del Orden Coleoptera Rev. Bras. de Agroecologia, v. 4, n. 2.

Santos, M. G. & Sylvestre, L. S. 2000. Pteridófitas comercializadas por erveiros de Niterói e do Rio de Janeiro, RJ, Brasil: uma abordagem etnobotânica. Leandra 15: 79-90.

Santos, M. G. et al. 2005. Cianogênese em esporófitos de pteridófitas avaliada pelo teste do ácido pícrico. Acta Botanica Brasilica,19: 783-788.

Selvaraj, P. de Britto, A. Sahayaraj, K. 2005.Phytoecdysone of Pteridium aquilinum (L) Kuhn (Dennstaedtiaceae) and its pesticidal property on two major pests. Archives of Phytopathology and Plant Protection, 38: 99-105.

Souza, J. L. & Resende, P. 2006.Manual de horticultura orgânica. Viçosa: Aprenda Fácil.

Stark, J. D. & Banks, J. E. 2003. Population-level effects of pesticides and other toxicants on arthropods. Annual Review of Entomology, 48: 505-519.

Tidei, C. A.; et al. 1986.Pragas, doenças, tecnologia. Manual Brasil Agrícola, São Paulo: Ícone

Vetter, J. A. 2009. Biological hazard of our age: Bracken fern [Pteridium aquilinum (L.) Kuhn] – A review. Acta Veterinaria Hungarica. 57: 183–196.

Wistinghausen, C. V. et al. 2000.Manual para a elaboração dos Preparados Biodinâmicos. Editora Antroposófica.

Yamada, K. et al. 2007.Ptaquiloside, the major toxin of bracken, and related terpene glycosides: chemistry, biology and ecology. Nat. Prod. Rep. 24: 798–813.

Zamberlan, A. F. & Froncheti, A. 1994. Agricultura Alternativa: Um enfrentamento à agricultura química.Passo Fundo: Ed. P. Berthien.


Enlaces refback

  • No hay ningún enlace refback.


Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 3.0 License.